As Trapalhadas de António Costa

Estávamos em 2004, Durão Barroso pedia a demissão do cargo de Primeiro-Ministro para se dedicar à Comissão Europeia e Santana Lopes entrava em cena como Primeiro-Ministro de Portugal. Podemos concordar ou não com o modelo da transição e discutir se esta foi mais ou menos conturbada, mas todos concordamos que se passaram a viver tempos políticos e sociais agitados.

Na altura, recorrendo ao argumento do descontentamento da sociedade, das sucessivas greves e de algumas decisões que correram menos bem a Santana, o então Presidente da República Jorge Sampaio, toma a decisão de dissolver a Assembleia da República, provocando a queda do governo.

 

Pergunto-me até hoje se Jorge Sampaio conseguirá dormir descansado, sabendo que foi o principal responsável pela chegada de José Sócrates ao poder…

 

Hoje vivemos tempos diferentes e com novos protagonistas políticos, talvez não assim tão novos mas aquilo que é seguro afirmar é que o regime que outrora era duro e exigente, parece hoje estar muito mais maleável e permissivo. Mas se é certo que se vive um período de relativa calma social, não é verdade que não se assista diariamente a greves e manifestações e ao descontentamento de uma parte da sociedade. Talvez esta parte não seja a dos que fazem mais barulho e por isso não se note tanto, porque agora, os que mais barulho faziam, estão no lugar onde se tentam silenciar as vozes mais inoportunas.

 

António Costa, deve dar graças todos os dias por não ter Jorge Sampaio como Presidente da República. A um governo que é sem dúvida o líder das trapalhadas, nada mais se vê do que afetos, por parte do atual residente do Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa.

Desde os problemas com os incêndios, onde o Estado falhou a 114 portugueses e portuguesas que perderam a vida, passando por casos inaceitáveis como Tancos, por casos como a trapalhada do Infarmed, como a vergonha que sentimos ao saber que crianças com problemas oncológicos são tratadas em corredores. Casos como os que levaram à demissão de membros do governo, por aceitarem viagens e presentes da parte de empresas privadas com quem o Estado tem disputas nos tribunais. Casos como a falsa expectativa criada aos professores que agora é negada. Casos e casos e mais casos.

Trapalhada atrás de trapalhada.

Mas os tempos agora são outros, o regime está mais permissivo e maleável. Agora nada incomoda Belém e como diz o bom português, “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”.

Aproveite António Costa a possibilidade de fazer tanta trapalhada, porque é caso digno de estudo.