Presidente da JSD no International Club of Portugal

Ontem, 11 de Julho, a Presidente da Juventude Social Democrata, Margarida Balseiro Lopes, foi a oradora no Almoço-Debate do International Club of Portugal com o tema “A Política e as Novas Gerações”.
 
Destacou alguns dos fatores que contribuem muito para o afastamento dos jovens (e das pessoas em geral) da classe política e dos partidos. É que é importante distinguir a política dos políticos ou dos partidos. Os jovens continuam a interessar-se por política. Nunca houve tantos jovens a participar em associações de estudantes, em associações juvenis, em projetos de voluntariado, em projetos de intercâmbio, nas mais diversas organizações. E pergunta que se impõe é: se assim é porque razão não gostam e não se revêm os jovens nos políticos e nos partidos?
Segundo os números, se em 2007 cerca de um terço dos jovens portugueses (entre os 15 e os 34 anos) considerava que a democracia funcionava bem, em 2015 eram apenas 17,3% dos jovens em Portugal.
 
Há vários fatores que contribuem para esse distanciamento, para esse descrédito:
  1. A falta de confiança na classe política (reforçada com os casos de corrupção);
  2. A insuficiente formação política e cívica em Portugal;
  3. O Sistema eleitoral;
  4. A desilusão com os partidos, os seus dirigentes e a sua forma de funcionamento;
  5. O eleitoralismo aliado a uma grande dose de irresponsabilidade.
 
A falta de confiança na classe política (reforçada com os casos de corrupção).
 
É verdade que hoje Portugal está muito mais intolerante e atento aos abusos e aos prevaricadores, mas há ainda um longo caminho a ser feito para a regeneração do regime. E a corrupção importa dizer não é exclusiva à classe política. Existe na cultura da cunha, do favor, do jeito, do telefonema, em empresas, na banca como se viu de forma mais dramática nos últimos anos. É um problema transversal. É talvez a classe política que está debaixo dos holofotes e é a mais escrutinada atualmente. E é também por isso que devem ser dados sinais de forma a deixar claro que se quer acabar com o confortável manto da invisibilidade da generalização de que são todos iguais, quando afinal os prevaricadores são uma pequena minoria. Um sinal importante seria o de garantir que esses maus exemplos que subalternizaram a Política e as pessoas em favor dos seus negócios e dos seus interesses particulares, como é o caso daqueles que foram condenados por crimes como o de corrupção, ficassem impedidos/inibidos de, por exemplo, durante 10 anos de voltar a estar no exercício de funções públicas.
 
A JSD orgulho-se de o Partido Social Democrata ter dado esse sinal muito recentemente, ao ter acolhido uma proposta feita pela Juventude Social Democrata para expulsar todos os militantes que sejam condenados pela prática deste tipo de crimes. É fundamental credibilizar o sistema e defender a Democracia.
 
A insuficiente formação política e cívica em Portugal.
 
Se a seguir ao 25 de abril se respirava Política em todo o lado, nas escolas, nas universidades, nos cafés, passámos para o oposto em que é em muitos destes sítios proibido falar de política.
 
Confundindo-se duas coisas completamente diferentes: política e partidos. É hoje possível em Portugal, um jovem terminar o seu ciclo de estudos sem fazer ideia alguma do que é a Política, de como funciona o sistema político, o sistema eleitoral, quem são os seus representantes, como é que são eleitos e de que forma é que como cidadãos podem participar e escrutinar aqueles que os representam.
 
Não é aceitável continuarmos a ter uma Escola que desde muito cedo diaboliza e se desresponsabiliza daquele que é também o seu papel: não apenas o de formar alunos, mas o de formar cidadãos.
 
O sistema eleitoral.
 
Quem não se recorda de ver os maiores partidos a defender a necessidade de reformar o sistema eleitoral? Com os argumentos certos: aproximar as pessoas dos seus representantes, não deixar aos diretórios partidários as escolhas dos seus candidatos e reforçar a democracia participativa. Pois bem, chegados lá não há alteração nenhuma ao sistema eleitoral. A exigência de uma maioria qualificada para esta alteração, exige cautela. Se há matéria que merecia um pacto de regime entre os dois maiores partidos era esta. Permitir, por exemplo, através do voto preferencial, libertar o eleitor das listas fechadas dos partidos e dar-lhe a possibilidade de escolher qualquer candidato de uma lista, mesmo que este vá ordenado em último lugar.
 
A desilusão com os partidos, os seus dirigentes e a sua forma de funcionamento.
 
Nos últimos 40 anos, mudou quase tudo no Mundo e no país. Desde a forma como nos relacionamos à forma como comunicamos, mas se há estruturas resistentes à mudança são mesmo os partidos políticos. Desde o processo de inscrição ao processo de eleição interna, continua tudo igual. Volta e meia, é a forma como se financiam ou a forma como são eleitos os seus dirigentes que são alvo de notícias que só descredibilizam o imprescindível papel que têm em democracia. A forma como são arregimentados e pagos os sindicatos de votos em eleições internas é um exemplo paradigmático disso mesmo.
 
As eleições primárias são uma forma inteligente de libertar a eleição dos seus líderes dos sindicatos de votos que desvirtuam a democracia interna nos partidos.
 
O eleitoralismo aliado a uma grande dose de irresponsabilidade.
 
O eleitoralismo é hoje uma forma de fazer política, associado a uma grande dose de populismo e irresponsabilidade, em que se protelam no tempo decisões urgentes, em que se tomam opções sem acautelar o seu impacto ou pegada geracional.
 
O mais recente exemplo disso mesmo é o que se passou na saúde com a redução de 40 para 35 horas. Uma medida simpática que foi tomada de forma irresponsável sem acautelar os impactos que teria para os doentes, sem tomar em devida conta as medidas necessárias para a sua implementação.
 
Ou veja-se o caso da segurança social, em que sabemos todos que é insustentável a médio e a longo prazo, mas não é possível sequer falar da necessária reforma sem que não venham os arautos da demagogia acusar de que o que se pretende é cortar pensões. Enquanto isso, adia-se uma reforma que é aos olhos de todos urgente e necessária.
 
Temos também o exemplo da reforma laboral, elogiada amplamente por diversos organismos internacionais, com o repto de que é necessário continuar e aprofundar esse caminho, e depois vemos a forma como a questão é tratada internamente.
 
Um último exemplo disto, são as progressões automáticas na função pública, sem olhar ao mérito, apenas porque sim.
 
São várias as mudanças que têm se ser feitas. E é por isso mesmo que a Presidente da JSD, Margarida Balseiro Lopes, tem muita esperança no futuro e na capacidade de as novas gerações ajudarem a fazê-las. Para conseguirmos o reconhecimento por todos, em especial pelas novas gerações, daquela que é a maior missão da Política: a sua capacidade de transformação.
 
A sua capacidade de transformação de um país, de uma comunidade, de um território. Da sua capacidade de melhorar e olhar pela vida e pela felicidade de todos e de cada um nós.