1 País, 1 território, 1 futuro coletivo

Nos dias de hoje fazer política não é tarefa fácil. Vive-se uma época em que se olha com muita desconfiança para o sistema partidário e para os agentes políticos nacionais e locais. Não raras vezes tenho afirmado que os políticos não são todos iguais e é importante que quem está na política sinta que faz algo positivo e diferenciador em nome do interesse público. A forma como se faz política no PSD ou na JSD está dependente de muitas condicionantes. Uma questão que se pode colocar é a seguinte: a forma como se faz política em concelhos do litoral é igual à que se faz nos concelhos do chamado interior?

Na minha opinião, não creio que a questão territorial seja relevante. Todos os distritos ou regiões têm problemas específicos. Um Governo tem de olhar para o País como um todo, mas tem que ter simultaneamente capacidade de responder às especificidades regionais. Como gosto de dizer: “pensar global, agir local”. Não existem portugueses de segunda e portugueses de primeira. Aliás, se pensarmos numa lógica estritamente estatística, fora das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, verificamos que vivem cerca 6,5 milhões de pessoas. Não é um dado irrelevante, pelo que devia cair por terra o pensamento centralista de que o País é Lisboa e o resto é paisagem.

O distrito da Guarda e outros distritos do interior estão confrontados com problemas específicos. Vou elencar duas matérias da maior relevância: despovoamento e emprego.

As causas do despovoamento já são amplamente conhecidas. As atividades económicas concentram-se maioritariamente no litoral, é aí que as empresas encontram as grandes vantagens e, portanto, atraem a população. Pelo contrário, o interior continua com atividades primárias pouco modernizadas, pouco rentáveis e pouco atrativas. Com as diferenças económicas vêm as sociais, culturais, de educação etc. O que foi feito não basta. Não basta construir IPs ou autoestradas.

Ora, o emprego é simultaneamente problema e fator de salvação para os distritos do interior. É um problema porque temos tido dificuldades na criação de postos de trabalho e ao nível do dinamismo empresarial. Portanto, sem a criação urgente de emprego e de medidas de incentivo ao empreendedorismo e sem um maior dinamismo empresarial jovem, os distritos do interior não conseguirão contrariar a tendência de despovoamento. Por conseguinte, há que investir nas atividades produtivas ligadas à indústria, à agricultura, à criação de gado, florestas etc.

Assim, considero que há muito a fazer para inverter certas tendências negativas, mas, como tudo na vida, é preciso ter coragem, ambição e criatividade para saber fazer as mudanças necessárias. Não se pode desistir e não desistirei por um País mais coeso e economicamente desenvolvido.

 

Nota final: quero agradecer à Raquel Baptista Leite, coordenadora nacional do Gabinete de Estudos da JSD, o amável convite e desafio que me dirigiu para escrever no espaço de opinião da JSD.