A hipocrisia da esquerda!

Em diversos artigos de opinião fiz referência a uma certa paz social que se vive no País. Como já tive a oportunidade de dizer tenho a perceção que a comunicação social em geral (mas não toda) é muito generosa e pouco crítica em relação ao atual Governo e depois vivemos, como já referi, num período em que as forças políticas e sindicais da esquerda se confinaram ao silêncio.

No entanto, temos tido notícias de greves em quase todos os setores de atividade, o que só pode ser interpretado como um sinal de forte descontentamento por parte dos profissionais desses setores. Os últimos tempos trouxeram a público alguns episódios que só podem descredibilizar os partidos que hoje governam o nosso País.

1.º episódio: Ficámos a saber, segundo uma notícia avançada pela TVI, que a empresa de Jorge Bernardino, genro do líder do PCP, celebrou com a autarquia de Loures, que é liderada pelo PCP, cerca de seis contratos cuja soma ultrapassa os 150 mil euros. A empresa em causa chegou mesmo a receber um pagamento de mais de 22 mil euros pelo trabalho de dois meses, uma média de 11 mil euros por mês. Em Outubro de 2018, esses 11 mil euros corresponderam a um mês em que terá sido apenas prestado o serviço de mudança de oito lâmpadas e dois casquilhos. No mês seguinte, foi cobrado o mesmo valor pela mudança de dez lâmpadas e pela substituição de 160 cartazes publicitários. O PCP reagiu de forma violenta afirmando tratar-se de uma “abjeta peça de anticomunismo sustentada na mentira, na calúnia e na difamação”.

2.º episódio: Mamadou Ba, o assessor do BE que se referiu à Polícia, na sequência da recente atuação no bairro da Jamaica, no Seixal, como a “bosta da bófia”, celebrou três contratos com a Câmara de Lisboa, por ajuste direto, no valor total de 191.109,94 euros, entre 2009 e 2013. Ou seja, o BE é um partido que, a nível da autarquia de Lisboa, gosta de tudo à grande. Todos estarão certamente recordados do caso do bloquista Ricardo Robles que comprou um prédio por 370 mil euros e, depois de o restaurar, colocou-o no mercado, ficando avaliado em 5,7 milhões de euros. Isto não é errado, não fosse o facto de a especulação imobiliária ser uma das grandes lutas políticas do partido de Robles. Como diz o Povo: “Faz o que eu digo e não faças o que eu faço”.

3.º episódio: a Juventude Socialista (ao que parece existe) tem uma nova líder chamada Maria Begonha. Segundo a informação que surgiu na comunicação social no final de 2018, a nova líder da JS apresentou informações erradas em relação ao seu percurso académico, designadamente uma referência a um mestrado em Ciência Política que afinal ficou a meio e à presidência de uma Associação de Estudantes que não aconteceu.

4.º episódio: no último debate quinzenal ocorrido na Assembleia da República, no rescaldo do episódio ocorrido no bairro da Jamaica, no Seixal, Assunção Cristas perguntou ao Primeiro-Ministro se condenava ou não atos de vandalismo que aí ocorreram. Na resposta, António Costa insinuou que foi por causa da cor da sua pele que foi feita aquela pergunta. De referir, ainda, que este não foi o único momento de irritação de Costa, pois já tinha “perdido a paciência” com o tema da Caixa Geral de Depósitos e já se tinha irritado com Fernando Negrão, do PSD, sobre outros temas. Estas intervenções de António Costa são inacreditáveis!

Estes quatro episódios têm uma conclusão comum: durante anos a esquerda diabolizou a direita e os seus dirigentes, sempre passando a ideia de que a esquerda seria detentora de uma superioridade moral inatingível e absolutamente imune a críticas ou polémicas. A direita é que explorava o Povo oprimido, fazia mal aos trabalhadores e as esquerdas e os seus dirigentes eram de uma seriedade indiscutível.

Pois é, mais uma vez caiu a “máscara” dessa superioridade moral da esquerda e sem dúvidas que o Povo não dorme e saberá julgar as atitudes dos nossos atuais governantes e, sobretudo, julgá-los por tudo o que não fizeram pelo futuro de Portugal.