Ditadura vs Democracia: O porquê, o como e O QUÊ??

Ao longo do último ano temos assistido cada vez mais a um aumento significativo dos movimentos de extrema-direita e da preferência por estes mesmos partidos e movimentos nas sondagens.

Sendo por motivos de insegurança e medo, ou por motivos de “preguiça” política, é um tema que vale a pena ser debatido e sobre o qual nos devemos debruçar e refletir.

Ao olharmos para a atualidade política apercebemo-nos de que há cada vez mais êxodo de países em situações políticas deploráveis (como o caso da Venezuela) e situações de guerra (como é o caso da Síria), mais atentados terroristas ou pelo menos tentativas (fora aqueles que as notícias decidem omitir ou inventar, seja por que motivo for); o que leva a um maior número de políticas conservadoras e necessidade de se sentir que de facto existe segurança no país e que essa está a funcionar.

Ora, mais parece uma aplicação da lei da procura e da oferta mas em que a proporcionalidade direta entre a procura e a oferta, não tem um valor claro nem direto. Ou seja, até que ponto abdicarmos das nossas liberdades para termos mais segurança no país é tão “puro” e direto assim? Até que ponto faz sentido darmos poder a alguém cujo caderno eleitoral é redigido com base em inseguranças e cujas linhas são apenas respostas a essas mesmas inseguranças? Ou até que ponto é seguro ou faz sequer sentido, começarmos a adotar cada vez mais a ideia de “Vamos dar pleno poder a fulano B e a partir daí ele decide o melhor para o país e para tudo o resto”, coincidindo já esta ideia com a verdadeira base de uma ditadura? Afinal… Não é assim que a maior parte delas começam? Com discursos puritanos que têm por base “preocupações” para com os indivíduos de um mesmo país e que acabam com o fechar total das fronteiras e com o abolir total da liberdade desses mesmos indivíduos que acreditavam que a pessoa em quem depositavam todas as suas esperanças sobre um futuro melhor.

Honestamente e falando agora um pouco sobre o nosso país, já não acredito que o problema de medo e de sentimento de se estar indefeso se aplique. Não. Aqui o problema é outro e chama-se “preguiça política” ou se lhe quiserem chamar, total lassidão em relação ao poder político português (ou se calhar, nem que no fundo mesmo, uma mistura das duas). O típico ditado do “Deixa que eles é que sabem!” em que quem diz a frase se acomoda com a situação atual porque não acredita possuir meios suficientes para mudar essa mesma realidade ou porque simplesmente acredita plenamente naquilo que quem está à frente diz para as câmaras. Se calhar são as mesmas pessoas que dizem que só se estava bem no tempo da ditadura, é que ao menos assim, as responsabilidades recaíam todas sobre o ombro de quem está à frente e não nos ombros de quem vota e tenta seguir um certo rumo. É de facto algo que não consigo perceber nem mesmo atribuindo faixas etárias a quem diz tal ditado; é que, ao olharmos e falarmos com a maioria dos jovens que afirma tal coisa, o motivo pelo qual proclamam tais palavras é tão simples quanto haver uma certa apatia, afinal, se eles estão lá no poder é porque sabem o que estão a fazer; ao olharmos para uma pessoa entre os 30-40 e 40-50 ou se calhar até mais e perguntarmos o mesmo, creio que a resposta mais frequente será “Muda-se a pessoa mas o discurso e as consequências para nós são as mesmas.”; e se perguntarmos para pessoas com uma faixa etária acima dos 60, provavelmente a resposta é de que desde que estejam no seu cantinho e possam usufruir da sua reforma, quem detém o poder é quem sabe o que é melhor para eles.

Fará assim tanto sentido então, para países tão afetados com ataques e más políticas, abdicar mais uma vez ou se calhar, pela primeira vez em anos de democracia, da total liberdade por uma sensação (sejamos honestos que fechar fronteiras como certos presidentes querem fazer, não é nem nunca será uma solução para problema nenhum, logo, não passa de uma sensação) de segurança? E fará então assim tanto sentido para nós portugueses, abdicarmos de vez da nossa liberdade, uma vez que a mudança é algo que neste país só se dá para pior e nós não conseguimos alterar esse ciclo?

Creio que o problema é a ignorância política e história e a irracionalidade acima de tudo. E para isso meus amigos, não há santo nem política que os valha.