Internacionalização e Modernização do Sistema Educativo

As rivalidades internacionais são uma realidade verdadeiramente atentória de todos os princípios e valores morais. O clima de tensão que se vive atualmente entre os vários países reforça a necessidade de afirmação dos valores europeus no mundo, pautados pelo respeito, dignidade, direitos humanos, liberdade, democracia, igualdade e Estado de direito. Valores estes que caracterizam uma sociedade pluralista, não discriminadora, tolerante, justa, solidária e reconhecedora da igualdade entre géneros. O desenvolvimento do sentimento de pertença é, neste sentido, condição basilar para que as sociedades se tornem progressivamente mais inclusivas e coesas. E, neste âmbito, é inegável o valor que os jovens têm na promoção e integração de valores europeus comuns, na melhoria da compreensão intercultural e na prevenção da radicalização violenta quando devidamente educados. A educação para além de proporcionar um desenvolvimento intelectual proporciona também um forte desenvolvimento individual com ideias pautadas na ética, na moral e na liberdade política, incentivando a participação ativa na sociedade. Por outro lado, as tecnologias, ao serem um fator decisivo no advento da globalização, podem e devem ser colocadas ao dispor da educação, contribuindo desta forma para a internacionalização e modernização do sistema educativo. Bons sistemas de educação e de formação dotam as pessoas de competências exigidas pelos mercados de trabalho e reduzem os níveis de desemprego. Um dos programas de maior sucesso na construção da Europa foi precisamente o Erasmus, um programa que faz parte do Espaço Europeu de Educação Superior e que visa harmonizar os diferentes sistemas de ensino superior nacionais tornando-os compatíveis e coerentes entre si impulsionado a mobilidade de estudantes, docentes e pessoal administrativo entre instituições europeias de ensino superior. Esta mobilidade permitiu ultrapassar a barreira do medo face ao desconhecido e permitiu diminuir sentimentos nacionalistas ao reforçar um sentimento de pertença a um espaço europeu comum. No entanto, apesar de todos os benefícios, continuam a existir ainda algumas condicionantes nomeadamente a língua e o elevado número de pessoas que por diversos motivos não aderem ao programa. Assim, uma forma de dar resposta a esta problemática e contribuir para a igualdade, crescimento, prosperidade e inclusão social na Europa é a partilha de aulas por videoconferência entre instituições parceiras. Em auditório e recorrendo a meios tecnológicos já existentes, alunos e docentes de diversos países teriam a oportunidade de partilhar conhecimentos, promovendo a homogeneização do ensino e uma maior proximidade entre as pessoas. As aulas por videoconferência seriam realizadas entre duas instituições de cada vez onde apenas um professor seria responsável por dar a aula e promover o debate entre os diversos alunos.

No início do ano seriam definidos os temas que cada instituição iria apresentar e a língua utilizada seria o inglês e/ou a língua materna caso haja a disponibilidade de um tradutor em tempo real. A par disto, faz também todo o sentido a criação de um espaço digital interinstitucional para a partilha de documentos e de dúvidas. Com este espaço para além da componente pedagógica a ele inerente, também a componente social seria alvo de enfoque, ao promover maior interação entre alunos e ajudando, em alguns casos, na receção e na adaptação de quem faz mobilidade ao brigo do programa Erasmus. Esta é, portanto, uma medida que pretende dar resposta aos fenómenos da internacionalização da educação e da utilização crescente da aprendizagem digital, ao mesmo tempo que fomenta a competitividade a nível internacional ao permitir estudantes e trabalhadores deslocarem-se na União Europeia para efeitos de trabalho ou de aprendizagem.

 

Artigo de Opinião realizado no âmbito do concurso “Uma Ideia para a Europa“.