O futuro de um passado não tão distante

Portugal tem conseguido, desde 2013, ter crescimento económico, em grande parte devido à retoma económica dos seus parceiros comerciais mais próximos e com maior peso, leia-se os países da União Europeia, até à primeira metade de 2018. Contudo, é também verdade que os dados mostram que existem fragilidades estruturais na natureza do dito crescimento, visto basear-se no fomento do consumo interno, e não nas exportações.

Mesmo com um aumento da procura externa, da qual se destacam os parceiros comerciais mais diretos de Portugal, o que contribui para o crescimento económico português (e que caracterizam um crescimento económico sustentável), Portugal, desde 2016, parece teimar em utilizar a fórmula económica que em grande parte contribuiu para a crise em que esteve mergulhado de 2010 a 2013: o consumo interno.

O governo português insiste em acorrentar a economia portuguesa única e exclusivamente ao turismo e à construção civil – setores que dependem maioritariamente do fator trabalho – o que implica uma diminuição obrigatória do nível de desemprego, e à compra de automóveis. Retorna-se deste modo ao aumento do consumo interno, ou por outras palavras ao modelo Sócrates-Teixeira dos Santos!

Existe, novamente, uma aposta no aumento de rendimentos setoriais, no estímulo ao consumo, na reversão de várias medidas que tinham como objetivo diminuir a rigidez no mercado de trabalho e de arrendamento, no aumento da carga fiscal para as empresas, conseguindo assim atingir níveis que chegam a ser dos mais elevados da OCDE, o que sem dúvida alguma penaliza o investimento. E, por fim, ao apelar ao consumo interno, este governo está a pôr em causa o esforço que a economia nacional tem de fazer, no sentido de desalavancar os agentes económicos, através de taxas mais elevadas de poupança.

Portugal deveria seguir o caminho do crescimento sustentado e virado para o futuro, de modo a conseguir manter a capacidade de criação de emprego e para reforçar a produtividade da economia portuguesa, que desde 2013 têm uma variação média anual de 0,2%, ficando apenas atrás da Grécia (onde a produtividade diminuiu) ainda para mais quando olhando os dados se vislumbra um arrefecimento da economia por toda a Zona Euro – Portugal incluído – traduzida num abrandamento do crescimento anual para 2,1% no segundo trimestre de 2018, de acordo com os dados do Eurostat.

Qualquer pessoa aprende com os seus erros e tende a não repetir algo que produz os efeitos contrários aos pretendimos. No entanto, parece que este Governo segue à risca o provérbio chinês – “por muito que o vento sopre, uma montanha nunca se moverá”, isto é, mesmo que as medidas económicas sejam erradas, nós continuaremos até darem resultado. Será ideologia ou será fé? A única coisa em que podemos estar certos é que estamos perante um futuro de um passado não tão distante.