O que falta é fazer!

Aquando da minha atualização política diária, deparei-me com a intervenção da deputada Filipa Roseta sobre a questão do amianto presente em edifícios, instalações e equipamentos públicos. Amianto é uma fibra mineral que quando é inalada, as suas partículas estimulam mutações celulares, o que pode causar cancro do pulmão. De realçar, que uma vez inaladas nunca mais saem do nosso organismo.

Este problema já antes questionado pelo PSD, foi desta vez levantado pelo PAN, que pretende a “elaboração de um plano estratégico para o amianto, definindo metas para a sua remoção nos edifícios em risco e monitorização dos restantes”. Ora, este problema já é conhecido há muito tempo e tal como a deputada Filipa Roseta afirmou “o que falta é fazer”. Mas este sempre foi um dos graves problemas em Portugal. Sabemos o que temos de resolver, por vezes até sabemos como o fazer, no entanto, fica sempre por realizar. Eu diria que a Assembleia da República é como um meeting numa empresa em que numa hora, 50 minutos é para discutir se devemos fechar ou não a porta e os restantes 10 minutos é para discutir quem é que a vai fechar, o que é equivalente às eleições. Entretanto, o tempo já passou e nada se fez.

É deste tipo de falhas que André Ventura se tem abrigado. Usa a incompetência dos que nos governam para difundir as suas ideias populistas, declarando-se o porta-voz do povo que luta contra as elites, neste caso os governantes, que são inerentemente corruptas. O “fenómeno” André Ventura, que cada vez ganha mais apoiantes, não pode ser ignorado, mas antes analisado. É fruto do cansaço dos que trabalham e sentem que nada foi feito, da corrupção à volta do nosso sistema político, mas também do distanciamento dos políticos para com aqueles que representam, conduzindo a uma guerra entre “eles e nós”.

Está na altura de começarmos a fechar a porta no primeiro minuto, ouvirmos as pessoas e, sobretudo, como disse a deputada Filipa Roseta e muito bem, fazer, porque questões como a presença do amianto em edifícios públicos não podem ficar em lista de espera como fosse um idoso a aguardar a sua consulta marcada há mais de um ano.