Uma Europa Inovadora

A história da Europa mostra-nos a relevância da sua existência. Uma Europa que promoveu a paz, que garante a justiça, a livre circulação de pessoas e bens, que defende a democracia, a liberdade individual, cultural e religiosa dos seus cidadãos. Mas a mesma Europa, apresenta-se hoje confrontada com uma panóplia de desafios. O mundo está em constante mudança e a renovação do velho continente tem inevitavelmente de responder ao desafios impostos pela globalização, pelo crescente poder da informação, pelo Brexit, pela crise dos refugiados, e pelo desenvolvimento de novas tecnologias. Tomando estes proporções de maior relevo, não são os únicos que afetam diretamente o modo como os europeus vivem e trabalham.

A globalização alavancou o surgimento de economias emergentes, como a China e a índia, viram a sua posição no mercado reforçada e exponenciada, competindo diretamente com a Europa, nomeadamente, no mercado de produtos manufacturados. Estas economias emergentes, ao apresentarem uma força de trabalho de baixos salários, deram impulso para que as empresas europeias optassem por transferir as cadeias de produção para esses países e, por conseguinte, obter uma vantagem competitiva em termos de custos de produção. Esta vantagem conferiu-lhes a possibilidade de lançar produtos no mercado a preços mais competitivos. Toda esta envolvência implicou uma diminuição da atividade industrial da Europa, em particular, no sector manufactura e por consequência, uma diminuição do emprego neste.

Perante o contexto descrito, torna-se imperativo uma alteração nos modelos de negócio desenvolvidos pelas empresas Europeias, por forma a garantir a perpetuação da sustentabilidade das mesmas. Um competição baseada somente nos custos não trará mais impacto no retorno estratégico e financeiro das organizações e, pelo contrário, uma aposta em produtos com alto valor acrescentado, permitir-lhes-á competir num mercado global e responder às necessidades crescentes dos consumidores, diferenciando-se dos restantes concorrentes. Perante este novo paradigma, as organizações necessitam de concretizar uma transformação operacional e estrutural, melhorando as suas cadeia de produção pela integração de ferramentas tecnológicas (robotização), o produto pelo incremento de novas características tecnológicas e o layout da fábrica pelo aumento da capacidade de adaptação a novos equipamentos.

Todas as alterações anteriormente apresentadas implicam à priori um investimento em investigação, desenvolvimento e inovação no produto e na cadeia produtiva, colmatando uma necessidade existente em particular nas PMEs. O foco nestas advém da maior representatividade que detêm na indústria da manufactura ao nível do emprego, evidenciando-se ainda pelo impacto gerado no que concerne o valor criado nas economias. Por forma a alavancar todas as transformações já identificadas, não basta que as empresas, por si só, se desenvolvam tecnologicamente, uma vez que na sua maioria não detêm capacidade financeira que permita comportar tais alterações operacionais.

Como solução proposta, defende-se neste texto, a criação de um quadro financeiro europeu destinado às PMEs, com horizonte em 2030, sustentado num fundo adjudicado às mesmas, possibilitando-lhes uma aposta na I&D e inovação por forma a uma melhoria de eficiência nas cadeiras de produção e no produto final, dotando-se ainda de uma maior capacidade de resposta a questões ambientais e outras. O apoio dado às PMEs, é crucial pelas limitações ao nível de financiamento e liquidez que elas apresentam.

O fundo pretende em concreto financiar uma parte significativa do investimento no âmbito de I&D nas empresas, sendo que a parcela não englobada pelo fundo fica a cargo da própria organização, garantindo assim um maior compromisso da empresa no sucesso da inovação empregue. Em paralelo à aplicação deste fundo, é desenvolvido todo um acompanhamento, realizado por plataformas europeias e pela Comissão Europeia, ao longo do processo de inovação industrial de cada empresa. Este processo será composto por 3 fases, a 1ª de formação, onde as empresas irão desenvolver uma rede de networking, juntamente com as plataformas tecnológicas europeias (por exemplo: Manufuture), por forma a discutirem as melhores soluções operacionais. A 2ª fase implica a implementação da estratégia, conforme as necessidades identificadas para cada organização, na 1ªfase, sendo aqui empregue o fundo de investimento europeu. Já a 3º fase consistirá na avaliação do impacto gerado pelo desenvolvimento tecnológico aplicado.

Esta proposta alavanca a Europa a um patamar superior de competitividade e de crescimento sustentável.

 

Artigo de Opinião realizado no âmbito do concurso “Uma Ideia para a Europa“.