Entrevista a José Miguel Ferreira, Presidente da JSD Distrital de Coimbra

Profissionalmente, sou Advogado e Gestor, com um gosto especial pela área da proteção de dados e, simultaneamente, pela comunicação, inovação social e turismo. De bem com a vida, feliz pela família que tenho e construí, sou resultado de experiências, de erros e de partilhas com aqueles que tive a sorte de conhecer. Determinado na construção de uma sociedade melhor, com mais justiça social, encontrei na JSD uma forma de lutar pelo mundo em que acredito.

 

Como tem sido a experiência de liderar a JSD Distrital de Coimbra?

A Distrital de Coimbra é a minha casa na JSD. Sou um privilegiado por ter a oportunidade de liderar gente extraordinária. Aqui, encontro a génese da JSD: jovens do interior e de pólos urbanos, licenciados e não licenciados, líderes no voluntariado, nas associações juvenis e estudantis, exemplo na sua actividade profissional e no empreendedorismo. São notáveis pela coragem. Transformam Coimbra num baluarte da liberdade e da convicção dentro da JSD.

 

Quais as principais preocupações da JSD Distrital de Coimbra?

Sem dúvida a falta de condições para a emancipação jovem que faz com que, em média, só consigamos sair de casa dos nossos pais 7 anos depois de um jovem europeu. Esta realidade, com consequências gravíssimas para a sociedade portuguesa e para a felicidade das pessoas, tem três razões claras: Centralismo, Habitação e Baixos Salários. Perante este pesadelo, o governo que se diz socialista e de esquerda, é fraco e hipócrita.

Do ponto de vista interno, questionamos se hoje a juventude portuguesa se sente representada na nossa estrutura que, infelizmente, continua completamente desligada da revolução tecnológica em curso. Ao mesmo tempo, sentimos que demasiadas vezes existem dúvidas sobre o funcionamento dos órgãos internos da JSD. Veja-se a situação de Braga em que um Tribunal vem desautorizar as decisões internas da JSD, aparentemente viciadas por ingerência de quem desenhava o seu próprio futuro.

É inaceitável que esta dúvida sequer possa existir.

 

Quais as prioridades dos jovens do Distrito de Coimbra?

Hoje, um jovem português é forçado a viver num grande centro urbano, especialmente em Lisboa, para ter uma oportunidade profissional.

Lá, recebe salários miseráveis, muitas vezes em situação precária, nas mesmas organizações em que alguns administradores chegam a ganhar 100, 200 ou 300 vezes mais. Ao mesmo tempo, enfrenta o mercado de compra e arrendamento imobiliário a praticar preços incomportáveis para o seu rendimento. Simultaneamente, corre o risco de encontrar uma Ordem Profissional que, de forma absolutamente injustificável, tudo faz para limitar o seu acesso à profissão.

Perante este pesadelo, o Estado finge que nada se passa. O Governo diz-se de esquerda mas dirige um Estado fraco. Permite a desregulação do mercado, perpetua as assimetrias regionais, ignora as desigualdades salariais e protege os grandes lobbies. Não nos conformamos!

 

Como é que a Juventude Social Democrata pode ajudar a emancipação dos jovens, nomeadamente no que se refere à habitação?

Liderando o seu desespero nesta problemática. Em primeiro lugar, é urgente revolucionar o Programa de Arrendamento Porta 65 que está obsoleto e desorçamentado. Portugal tem de ter um estímulo ao arrendamento jovem que seja eficaz, cujas decisões sejam rápidas, e em que os seus requisitos estejam de acordo com o actual mercado de arrendamento. Ao mesmo tempo, e entre várias outras medidas, importa regular o mercado de habitação, criando regras claras e provocando a reabilitação dos imóveis devolutos.

 

Como é que a Juventude Social Democrata pode ajudar na descentralização?

Em primeiro lugar, sendo intolerante com o atual Estado centralista em que vivemos. A JSD tem de ter uma agenda concreta para esta matéria em que defina um posicionamento claro sobre o financiamento comunitário para os próximos anos, a regionalização e a descentralização.

Um exemplo claro: não podem os territórios do país desesperar pelo colmatar urgente de carências em investimentos estruturais na saúde e nas vias de comunicação e a JSD nada dizer sobre isto.

Ao mesmo tempo, e dando o exemplo, a nossa estrutura devia rever a forma como se organiza internamente. É profundamente injusto que, independentemente do trabalho que realizem e da extensão do território que ocupem, as estruturas do interior do país, o Algarve e as ilhas contem tão pouco nas decisões internas da JSD.