Entrevista a Paulo Afonso, Presidente da JSD Distrital de Bragança

Paulo Afonso, natural de Mirandela. Médico Veterinário responsável pelo Cantinho do Animal – CRO AMTQT. Militante da JSD em Mirandela. Desde 22 de outubro de 2016 Presidente da JSD Distrital de Bragança.

 

Como tem sido a experiência de liderar a JSD Distrital de Bragança?

Liderar a JSD Distrital de Bragança tem sido uma tarefa árdua, mas muito estimulante e acima de tudo muito gratificante. Árdua porque quando iniciei a minha liderança deparei-me com uma estrutura completamente inativa, desagregada e sem qualquer fundação. Tivemos a difícil tarefa de reerguer a JSD no distrito de Bragança. Foi e está a ser um percurso estimulante, reativámos a maioria das concelhias, estimulamos o seu funcionamento, atividade e participação, e sobretudo, criamos um espírito de união e interajuda à escala distrital.

 

Quais as prinicipais preocupações da JSD Distrital de Bragança?

A nossa principal preocupação são os nossos jovens e o seu futuro, por inerência isso conduz-nos a uma preocupação constante com o despovoamento hemorrágico deste território, o esquecimento sucessivo, o isolamento, consequente da falta de investimento público, da falta de infraestruturas (ferroviárias e viárias) que nos integrem numa rede nacional, ibérica e europeia, da falta de serviços (saúde, justiça, ensino). Preocupa-nos a falta de ação para combater um flagelo nacional que é o despovoamento do Interior e a sobreconcentração populacional do litoral. É preciso fazer uma pausa no litoral e investir no Interior para que possa haver uma evolução demográfica contra gradiente de concentração. Não podemos embarcar na lógica de “não há pessoas, não vale a pena investir”, isso é o que mata a coesão territorial e afasta as pessoas das oportunidades da interioridade.

 

Qual a importância da formação política para a JSD Distrital de Bragança?

A formação está no ADN da JSD e na Distrital de Bragança não é diferente. Sempre defendemos que para debater, com seriedade, precisamos de conhecer os temas com a devida profundidade, refletir sobre eles, e só depois transformá-los em ação política. A principal diferença entre a política e a politiquice, o populismo e o realismo, a demagogia e a seriedade, reside na formação, na aquisição de conhecimento. É por isso que a JSD Distrital de Bragança tem apostado interna e externamente na formação, organizando e participando nas mais diversas iniciativas, porque para nós a formação é o caminho certo para uma política séria, credível e exemplar.

 

Quais as prioridades dos jovens do Distrito de Bragança?

A prioridade dos jovens no nosso distrito é a sua emancipação. Emancipação que pressupõe: 1) poderem terminar os seus estudos e iniciar uma carreira profissional, 2) conseguir emprego de qualidade e que faça justiça à sua qualificação, 3) ter condições económicas para arrendar ou adquirir casa própria e 4) constituir família. Atualmente, os flagelos da juventude e da sua emancipação resumem-se a estes quatro pontos. Muitos dos nossos jovens, para terminar os seus estudos têm de migrar para o litoral, onde o custo de vida é muito superior, sendo que, muitas vezes, por carência económica, não conseguem terminar ou, até, iniciar esse ciclo de estudos. Muitos dos nossos jovens pretendem regressar à terra onde nasceram e cresceram, mas o emprego escaceia ou é mal pago. Os poucos jovens que conseguem terminar os seus estudos e regressar ao distrito com um emprego satisfatório, não conseguem encontrar uma casa digna com um preço justo para equacionarem a constituição de família. Mesmo vencidos todos estes obstáculos deparam-se ainda com uma rede deficitária de cuidados de saúde, de creches ou jardins de infância, que lhes permita conciliar família e emprego. Este grave circuito da falta de emprego qualificado de qualidade e de habitação acessível culmina com o retardar da emancipação ou com a (e)migração. Os nossos jovens não têm outro remédio se não abandonar este território no alcance de melhores condições para que não sejam obrigados a adiar a sua vida.

 

Como é que a Juventude Social Democrata pode potenciar zonas do interior de Portugal, como o Distrito de Bragança?

Não abandonar os jovens! Não se esquecer que, também aqui, há quem precise de apoio para conseguir mudar o presente e o futuro. A JSD tem de ser a principal aliada dos jovens que pretendem, de forma corajosa, enfrentar a apatia, o conluio e o envelhecimento instalado no distrito de Bragança. Ser o braço armado dos jovens que pretendem, unicamente, poder contribuir para a modernização das políticas públicas, para a reaproximação da política com as pessoas e proteger a democracia de fantasmas, falsos poderosos e pequenos ditadores! Potenciar o Interior não passa, exclusivamente, por medidas políticas mas,também, pela mudança do “chip” dos intervenientes políticos, locais e nacionais. Mudança que tem de ser construída pela JSD!