Entrevista a Tiago Sousa Santos, Presidente da JSD Distrital de Setúbal

Tiago Sousa Santos, 24 anos, fervoroso barreirense e apaixonado pelo distrito de Setúbal. Sou licenciado em Ciência Política pelo ISCSP e encontro-me a concluir o Mestrado em Gestão e Políticas Públicas (sendo já pós-graduado na área) na mesma faculdade. Aos 18 juntei-me à JSD por convicção e desde aí têm sido muitos os projetos e equipas que tenho integrado, sempre com a mesma vontade de contribuir para a melhoria da condição de vida dos jovens do meu concelho, do meu distrito e do meu país. Estou, desde janeiro, como Presidente da JSD Distrital de Setúbal, numa missão que me enche de orgulho.

 

Como tem sido a experiência de liderar a JSD Distrital de Setúbal?

Estar à frente da JSD Distrital de Setúbal tem sido, sem sombra de dúvidas, o maior desafio político da minha vida. Liderar uma estrutura que representa centenas de militantes e que trabalha para representar os milhares de jovens da nossa região é, ao mesmo tempo, gratificante e intimidativo. É gratificante porque sinto que o nosso trabalho tem servido para alertar o poder político para alguns temas que consideramos relevantes e porque sentimos que estamos, de certa forma, a contribuir para que os jovens que vivem deste lado do rio possam vir a sonhar com um futuro melhor do que o presente que hoje têm. É intimidativo porque coloco sobre mim uma responsabilidade gigante de não falhar aos que confiaram em mim para esta função e a todos aqueles que, não sendo militantes da JSD, precisam de alguém que consiga transformar as suas preocupações em propostas concretas para dar resposta aos maiores problemas que os jovens do distrito enfrentam. O balanço destes 9 meses é, sem falsa modéstia, muito positivo e a esperança é que a segunda metade do mandato seja ainda melhor!

 

Quais as prinicipais preocupações da JSD Distrital de Setúbal?

As nossas principais preocupações são as que estão na nossa Moção de Estratégia Global e no Programa Eleitoral de Juventude que construímos antes da Eleições Legislativas. A Mobilidade, a Habitação, o Emprego, os Fundos Comunitários, o Ambiente e a Educação são os principais problemas no nosso distrito e preocupa-nos que o Governo e as Câmaras Municipais não tenham políticas públicas estruturadas nestas matérias, preferindo sempre lançar medidas avulsas e que, embora minimizem os problemas, nunca chegam a resolvê-los.

Preocupa-nos que um jovem não consiga sair de casa dos seus pais porque as rendas estão altíssimas e não existe uma resposta das Câmaras Municipais, preocupa-nos que os jovens do distrito sejam prejudicados na sua vida académica e profissional por estarem dependentes de um serviço de transportes completamente ineficiente e desadequado da realidade, preocupa-nos que os jovens do distrito não tenham empregos nesta margem do rio e sejam forçados a fazer trajetos de uma hora para o emprego em Lisboa, preocupa-nos que as empresas e os municípios da Península de Setúbal sejam prejudicados no acesso a fundos comunitários por estarem num território que faz parte da Área Metropolitana de Lisboa mas que não tem o nível de desenvolvimento da maioria dos concelhos da margem norte, preocupa-nos que não haja uma resposta clara a nível ambiental para minimizar os impactos que as fábricas e os veículos (pessoais e coletivos) têm na qualidade do ar na região e preocupa-nos que não haja uma maior adequação entre as Escolas, as Universidades e Politécnicos e o mercado de trabalho.

 

Quais as prioridades dos jovens do Distrito de Setúbal?

Sinto que existem três grandes prioridades principais para os jovens do nosso distrito e que são também, como já disse, prioridades da JSD Distrital de Setúbal. A Mobilidade, a Habitação e o Emprego. Faz sentido que um jovem de Alcochete ou do Montijo que estude na FCT (em Almada) tenha de ir até Lisboa e voltar para o nosso distrito? Faz sentido que um jovem do Barreiro ou do Seixal esteja sempre dependente de haver ou não barcos a funcionar para ir para a universidade ou para o emprego em Lisboa? Faz sentido que um jovem de Grândola, Alcácer, Santiago do Cacém ou Sines não tenha ligações frequentes e com qualidade até ao norte do distrito? Faz sentido que um jovem viva até aos 30 em casa dos seus pais por não existirem casas com rendas a preços comportáveis? Faz sentido que os jovens tenham salários tão baixos quando são a geração mais qualificada de sempre? Faz sentido que não exista emprego para os jovens no nosso distrito e que estes sejam obrigados a ir todos os dias para Lisboa trabalhar?

Para mim, nada disto faz sentido e é por não fazer sentido que trabalho todos os dias, com a minha equipa, para encontrar respostas para estes problemas.

 

Qual é que julgas que deve ser o papel da Juventude Social Democrata na luta contra as alterações climáticas e na proteção ambiental?

A JSD tem de estar na linha da frente da luta contra as alterações climáticas e na proteção ambiental. Mas não deve correr o risco de o fazer de uma forma populista e leviana, como boa parte das instituições o faz. Não é com greves que se faz a mudança necessária, embora estas sejam importantes. Não é com extremismo que se alteram comportamentos, ainda que estes necessitem de uma adaptação aos tempos modernos. Não é com ataques a determinados sectores que se consegue trazer mais gente para esta luta justa.

A JSD tem de encarar o clima como uma prioridade, mas deve ser capaz de propor políticas públicas concretas que tenham um impacto real ao nível do ambiente. Em vez de atacar quem ou o que quer que seja, devemos lutar por conseguir implementar medidas que não prejudiquem a vida das pessoas e que beneficiem o meio ambiente em simultâneo. Dou alguns exemplos de propostas que constam do nosso Programa Eleitoral de Juventude aqui no distrito de Setúbal e que considero que são sérias, concretas e têm impacto positivo, embora muitas mais possam existir: a substituição integral da frota de transportes coletivos públicos por veículos movidos a energias não poluentes; incentivos fiscais para a requalificação de habitação que aumente o nível de eficiência energética das casas; incentivos fiscais para empresas da área da indústria que tenham práticas eco-friendly e que reduzam significativamente o seu impacto ambiental; a criação de uma linha de financiamento a fundo perdido para start-ups de inovação tecnológica ambiental.

Temos de voltar a recuperar a posição do PSD enquanto partido que sempre liderou as medidas pró-ambiente. Para essa missão, só a JSD está preparada.

 

Quais serão os maiores desafios que a Juventude Social Democrata irá encontrar nas Autárquicas 2021?

As Eleições Autárquicas de 2021 são fundamentais para o PSD e para a JSD. As últimas autárquicas correram-nos muito mal, assim como as Europeias e Legislativas que vieram depois. 2021 tem de ser o ano de viragem e o PSD deve apostar de forma séria em reconquistar Câmaras perdidas em 2017 e em conquistar novas autarquias para governar. Digo que, estrategicamente, o PSD deve voltar a apostar a sério no sul do país ou então arriscamo-nos a passar a partido regional.

A JSD terá um papel fundamental, assim o PSD deixe e pretenda. Os últimos anos têm pautado uma transformação no panorama político do país e é cada vez mais evidente que os eleitores procuram “sangue novo” para os representar, nesse sentido cabe à JSD preparar os seus quadros para assumirem lugares de destaque nas Câmaras Municipais, nas Juntas de Freguesia e nas Assembleias Municipais e de Freguesia e cabe ao PSD perceber que tem muito a ganhar se apostar de forma séria nos jovens para posições relevantes nas listas candidatas. Esta transformação exige-se não só ao nível das “caras”, mas também ao nível das propostas e da forma de comunicá-las à população e acredito convictamente que a JSD desempenhará uma missão importante de ajuda ao PSD e de reconquista da capacidade autárquica e local do partido mais português de Portugal.

Mas também quero deixar claro que não defendo que a JSD deve ter lugares de destaque só por ser a JSD. A JSD deverá ter lugares de destaque sempre que os seus quadros apresentem competência para os desempenhar e nunca numa lógica de “quotas”, cabendo ao PSD premiar o mérito e respeitar a nossa opinião.