JSD questiona o Ministro da Saúde sobre o agravamento da Saúde Mental dos jovens portugueses

A JSD apresentou na Assembleia da República uma pergunta dirigida ao Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, sobre o agravamento da Saúde Mental dos jovens portugueses e a respetiva inação do Governo na mitigação deste problema.

De acordo com o recente estudo da OMS “Health Behaviour in School-aged Children”:

  • Portugal é o 2.º país da União Europeia com maior prevalência de doença mental, tanto na população adulta, como na população juvenil;
  • 27,7% dos jovens assume sentir-se infeliz (+51% face a 2018);
  • 24,6% dos jovens autolesionou-se (+26% face a 2018);
  • 10% dos jovens assume tomar medicação, incluindo sem prescrição médica, para lidar com a tristeza (+54% face a 2018);

Paralelamente, a Ordem dos Psicólogos estima que os pedidos de ajuda junto dos serviços de psicologia e orientação das escolas tenha triplicado. A falta de suporte e de acompanhamentos tem contribuído para o aumento do número de jovens a recorrer ao INEM – em 2022 houve um acréscimo de +52,8% do número de pedidos de socorro na faixa etária dos 10-19 anos, com ocorrências ligadas a tentativas de suicídio, autolesões, depressões e ansiedade.

Este cenário dramático espelha a falta de respostas do atual sistema à população mais jovem:

  • Em 2022, a rede escolar contava com cerca de 1.700 psicólogos, num rácio de 1 psicólogo para 744 alunos, um patamar ainda aquém do rácio recomendado de 1 psicólogo para cada 500-700 alunos.
  • Existem apenas 1.000 psicólogos no SNS, o que corresponde a um rácio de 3 psicólogos por cada 100 mil habitantes, quando o rácio recomendado é de 1 psicólogo por cada 5 mil habitantes.
  • Os tempos de espera para consultas de psicologia e psiquiatria da infância e adolescência são de 3 e 5 meses, respetivamente, sendo manifestamente insuficientes para responder em tempo útil a estas necessidades de saúde

Perante estes dados alarmantes, o Governo pouco tem feito para mitigar um problema que se agrava dia após dia. Exemplo disso é a contratação de 40 psicólogos para o SNS, já com 3 anos de atraso, que não irá alterar significativamente a carência que atualmente existe.

Face a esta situação, a JSD colocou as seguintes questões ao Ministro da Saúde:

  1. Irá o Governo rever as prioridades de investimento na área da saúde mental? Em que vertentes de intervenção e objetivos materializar-se-ão essas prioridades?
  2. O que irá o Governo fazer quanto à prevenção e rastreamento/sinalização de situações de risco psicológico, em particular em contexto escolar?
  3. Irá o Governo reforçar as equipas de psicólogos nas escolas, nas Instituições de Ensino Superior, e as equipas de psicólogos do SNS (para além dos 40 psicólogos agora contratados), por forma a aproximar a realidade nacional dos rácios recomendados de cobertura destes profissionais?