Entrevista a Ângela Caeiro, Presidente da JSD Distrital de Évora

Ângela Caeiro, natural de Évora. Exerce a profissão de Psicóloga Clínica com gosto e tem tido a oportunidade de trabalhar com pessoas de várias faixas etárias.

Desde cedo que demonstrou interesse pela participação cívica na sociedade, sendo militante da Juventude Social Democrata desde 2006 e atualmente Presidente da JSD Distrital de Évora.

 

Como tem sido a experiência de liderar a JSD Distrital de Évora?

Liderar a JSD Distrital de Évora tem sido um desafio muito gratificante! Abraçar este desafio num Distrito marcadamente liderado por políticas de “esquerda”, onde ainda existem casos em que alguns jovens se querem filiar na JSD mas não o fazem porque a família está contra é uma realidade com a qual não nos podemos conformar.

O Distrito de Évora é muito extenso em área territorial, temos tido como foco a criação/reativação das estruturas Concelhias porque é fundamental estarmos perto das pessoas e afirmarmos a social-democracia. Implementar a JSD e conhecer as realidades dos Concelhos é muito importante porque estes têm necessidades díspares e níveis de ruralidade também diferentes.

 

Quais as prinicipais preocupações da JSD Distrital de Évora?

A principal preocupação/bandeira da JSD Distrital de Évora é lutar para que os jovens que querem fixar-se no Distrito e construir a sua família tenham a oportunidade de o fazer mas para isso é necessário emprego, habitação e serviços que funcionem de forma adequada.

Para a criação de emprego, este sector tem que estar lado a lado com a educação: 1) o ensino profissional deve estar ajustado aos setores que estão em crescimento no Distrito como a agricultura e atualmente a indústria aeronáutica e a informática; 2) é essencial reforçar o papel da Universidade de Évora e apostar num ensino superior de excelência articulado com as características económicas da região.

É necessário captar investimento público e privado para gerar mais emprego e o Distrito de Évora tem inúmeras potencialidades e produtos endógenos de qualidade: a gastronomia tradicional, o mármore, a barragem de Alqueva que é suporte para o sector agrícola mas pode também ser mais desenvolvida no sector turístico, e o nosso património cultural tão característico.

Contrariar o despovoamento do Alentejo é premente, com uma estratégia de incentivo à fixação de novas famílias e consequentemente à natalidade com creches públicas e escolas com boas condições.

Outra grande preocupação que temos é relativa aos serviços de saúde: o Hospital de Évora é referência para o Alentejo em várias especialidades, discute-se há muitos anos a necessidade da construção de um novo Hospital porque o atual tem condições completamente desadequadas. No entanto, a falta de profissionais de diversas especialidades é o que gera ainda mais inquietação.

 

Quais as prioridades dos jovens do Distrito de Évora?

Quanto às prioridades é importante falar dos jovens do Distrito de Évora com idades compreendidas entre os 14 e os 30 anos. Os jovens almejam que as escolas que frequentam tenham condições e que existam espaços lúdicos e culturais nos seus Concelhos para puderem desenvolver atividades que gostam. A procura de um emprego que seja adequado à sua formação profissional é uma questão determinante, e no Alentejo as oportunidades escasseiam, o que faz com que muitos jovens tenham que sair do Distrito e os que querem voltar não o consigam fazer. A par do emprego, é fundamental conseguir arrendar ou adquirir uma casa a custos acessíveis, o que é atualmente uma missão muito complicada.

Mesmo assim, há jovens que optam por morar no Distrito de Évora, onde a qualidade de vida é inegável, e deslocam-se diariamente até Lisboa para trabalhar. Contudo, os transportes públicos, particularmente os comboios apresentam recorrentemente problemas técnicos e disponibilizam poucos horários de viagem.

 

Como é que a Juventude Social Democrata pode potenciar zonas do interior de Portugal?

A JSD pode potenciar as zonas do Interior de Portugal defendendo uma estratégia coerente de desenvolvimento socioeconómico do país como um todo, em que a integração e complementaridade entre territórios seja uma realidade.

O Interior, por vezes, tem sido esquecido ou menosprezado e é esse paradigma que temos que mudar! Atualmente, tem sido debatido a questão dos preços dos alojamentos para os estudantes universitários deslocados, ainda que se possa sentir mais nas grandes cidades, em vários locais que têm Instituições de Ensino Superior por todo o país, como por exemplo em Évora, este aumento de preço também se está a fazer sentir de forma acentuada, sendo portanto um desafio nacional em que a JSD tem que ser líder na procura de soluções.

Ouvimos com frequência a frase “no Interior não existe praticamente nada”, é então sinal que há muito por fazer e os agentes políticos, nomeadamente a JSD, devem ser “embaixadores” destas zonas do país.

Por exemplo, a qualidade ambiental e paisagística do Alentejo são questões que, a par da arquitetura e da cultura, fazem com que esta parte do território português tenha inúmeras potencialidades carentes de serem exploradas.

Os jovens que pretendam fixar-se no Interior devem puder contar com a JSD para defender medidas políticas que estimulem esta ambição!

 

Como julgas ser possível trazer mais jovens para a política?

A meu ver, é possível trazer mais jovens para a política com lideranças pelo exemplo!
É preciso quebrar os “vícios” antigos que descredibilizam a política e os políticos para que os jovens consigam reconhecer que a melhoria da qualidade de vida das populações é o centro da atividade política.

Não podemos estar simplesmente à espera que sejam os jovens a aproximarem-se da política, no caso da JSD considero a Formação Sub-18 um bom exemplo que deve ser replicado em vários contextos.

Em suma, os jovens têm que sentir que as suas opiniões são ouvidas e que podem efetivamente mudar algo no mundo que os rodeia.