Entrevista a Pedro Brilhante, Presidente da JSD Distrital de Leiria

Pedro Brilhante, 31 anos, orgulhoso pombalense. Formado em Comunicação Organizacional na área de Marketing, iniciei a minha vida profissional como empresário, trabalhei por conta de outrem e fui profissional liberal. Hoje, estou Vereador na CM de Pombal. Na JSD, fui presidente de concelhia, 6 anos SG da Distrital de Leiria que hoje lidero e 4 anos diretor nacional de comunicação da JSD – no total, serão 16 anos de dedicação à JSD e às causas que sempre nos moveram no decorrer desta longa e bonita jornada.

 

Como tem sido a experiência de liderar a JSD Distrital de Leiria?

Tive a sorte de chegar a presidente da JSD Distrital de Leiria depois de muitos anos dedicados a trabalhar para a estrutura. Foram 6 anos como Secretário-Geral, onde tive a possibilidade de construir, em conjunto com uma grande equipa, uma forma de estar diferente e traçar um rumo que nos levou aos mais altos padrões da história desta estrutura distrital. A liderança nesta casa e nos anos de maiores conquistas, sempre foi partilhada e teve sempre muitas caras. É nesse mesmo espírito e nessa mesma forma que tenho exercido este mandato onde a ordem é de equipa e o processo é conjunto, de coesão e de companheirismo. A experiência tem sido fantástica, não só pelos resultados – visto que foi neste mandato que elegemos, pela primeira vez na história, uma presidente da nacional vinda do nosso distrito – mas sobretudo pela oportunidade de partilhar o exercício com a equipa extraordinária que tenho e pelo carater inabalável que os move nesta “coisa” que é a política.

 

Quais as principais preocupações da JSD Distrital de Leiria?

A JSD Distrital de Leiria elegeu para este mandato 2 linhas fundamentais de pensamento e de atuação política: 1. a deslocalização de competências; 2. a defesa/promoção de Leiria como a praia do Surf da Europa – o movimento da #baleiaaobaleal.

Comecemos pelo segundo. Leiria tem as praias mais importantes do circuito de Surf e dos desportos de mar do país. Conhecemos o canhão da Nazaré e toda a costa de Peniche, onde se realiza a prova do Mundial de Surf. Mas Leiria tem uma costa de praias que vão do Osso da Baleia (Pombal) ao Baleal (Peniche), com diferentes categorias e potencialidades para o desenvolvimento da atividade desportiva aliada à atividade turística e económica. Somos a costa portuguesa do Surf e por maioria de razão a melhor costa de surf de toda a Europa – já ligada pela famosa Estrada Atlântica. A nossa visão é que este seja um motor de promoção e de desenvolvimento do país a partir das ações do Turismo do Centro e do abraçar deste propósito pelo Turismo de Portugal nas promoções externas e internas do nosso território. Temos pensada uma estratégia de promoção e de desenvolvimento deste pedaço do território nacional para ser porta de entrada do país e, sobretudo, para ser a casa e a referência dos desportos de mar de toda a Europa.

O Segundo ponto é uma ideia de país que temos e que defendemos, para que possamos contribuir para o Portugal de futuro que pretendemos ver construído para as novas gerações e para as novas realidades. Nesse propósito acreditamos que, inevitavelmente, os focos de decisão do Estado devem ser deslocalizados, saindo do ponto central único (Lisboa) e transferindo-se para os pontos do país onde possam trazer maior benefício à estratégia nacional. Num território como o nosso, de dimensões reduzidas e com tanto potencial espalhado é fundamental que o próprio país se comece a pensar a partir dos pontos de onde podem provir melhores resultados. O Distrito de Leiria é conhecido pelo seu tecido empresarial, a inovação e a capacidade produtiva que consegue gerar e o país precisa dessa visão e desse ambiente na sua economia. Deve ser por isso pensada, desenhada e operacionalizada a estratégia a partir deste ponto e deste ecossistema – não numa logica de descentralização e de benefício simples para o território local, mas numa lógica de deslocalização dos decisores na perspetiva de gerar maior impacto positivo para todo o país. Se queremos um país a ser pensado como um todo – e beneficiar com isso – temos de colocar os focos de decisão nos pontos de maior potencialidade que temos. A agricultura faz sentido em Lisboa? Ou ganharia mais o país se os decisores políticos (Ministérios e Secretarias de Estado) estivessem instalados junto do setor que pretendem promover e fazer crescer? O Alentejo não tem, neste caso, uma vantagem competitiva clara para este propósito? Parece-me óbvio. O cérebro da justiça estaria ou não melhor servido em Coimbra? O turismo pode ou não ser pensado a partir do Algarve? A cultura em Braga? A economia em Leiria? Nós acreditamos que sim e que o país deve – e sobretudo as novas gerações – lutar por este Portugal descentralizado.

 

Quais as prioridades dos jovens do Distrito de Leiria?

As prioridades no distrito são semelhantes às do todo nacional. Um foco forte na economia, criação de emprego e de estabilidade para a constituição de família. Contudo, o nosso território é bastante díspar e contém realidades completamente diferente e para as quais há necessidades de respostas especificas. Não podemos comparar a vida e as necessidades dos jovens de Leiria, Pombal ou Alcobaça com as dos jovens de Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande ou Castanheira de Pêra. Fundamental é olharmos para os territórios de forma integrada e definindo uma estratégia onde cada elemento, com as suas características especificas, tem um papel a desempenhar e um fórum único que contribui para o conjunto – só desta forma e não tentando duplicar as mais-valias e as diferenciações dos “casos de sucesso” é que poderemos encontrar respostas para as prioridades de todos: fixação de pessoas e desenvolvimento económico.

 

Quais serão os maiores desafios que a Juventude Social Democrata irá encontrar nas Autárquicas 2021?

Julgo que existe sempre o desafio maior e que está antes da disputa eleitoral: a conquista de espaço e um exercício de credibilidade que promova a renovação e a inclusão de novas agendas e de novos desafios para as autarquias. É fundamental fazer entender o PSD que não mais ganharemos sem conseguirmos mobilizar a juventude e sem que as novas gerações revejam no PSD a renovada esperança de ver o seu território prosperar. Para isso tem de haver renovação de quadros e a subsequente modernização da forma de estar. As pessoas mudaram e não podemos querer fazer da mesma forma que fazíamos há 20 anos atrás. O desafio é mudar e fazer acreditar na mudança, renovar e apoiar a renovação e, o mais importante, criar um novo caminho que permita o sucesso do que de novo se defende – sabendo que essa forma trará, a curto prazo, muita resistência, oposição e desconforto.

 

Como é que julgas que um concelho se pode afirmar mais amigo dos jovens? E qual o papel da juventude também para o desenvolvimento do seu concelho?

Sempre defendi que a juventude, em qualquer campo mas sobretudo no campo autárquico, não deve estar confinada aos seus temas padrão ou às coisas que nos querem incutir com prioritárias ou do âmbito da juventude. Se estivermos sempre a discutir “tempos livres”, questões escolares e matérias associativas, perdemos o espaço nas restantes matérias e sobretudo nas matérias que alteram a vida de todos. É óbvio que nos vão querer sempre acomodados ali, a discutir só aqueles assuntos, fechados nas nossas bolhas e não permitindo que sejamos incisivos em nenhuma outra matéria. Os jovens devem estar envolvidos em todas as matérias dos seus concelhos e devem contribuir para o conjunto das matérias fundamentais para o desenvolvimento do seu concelho – nas áreas económicas, sociais, educativas… todas! Não se trata de os Municípios serem mais “amigos” ou estarem mais empenhados a criar montras de distração ou ocupação colaborativa. O que verdadeiramente vai diferenciar os Municípios é a forma como cada um se propuser a capacitar e investir mais na ajuda ao desenvolvimento de ideias e conceitos que os seus jovens conseguem gerar. Sejam ideias de negócio – criando o ambiente de investimento, as infraestruturas adaptadas e os programas de apoio – ou eventos e programas de identidade – que diferenciem os territórios. No fundo, o desafio será, cada vez mais, gerar conceitos colaborativos que envolvam toda a sociedade e que não se restrinjam à capacidade dos Municípios de gerar soluções. É virar a tabela do “protagonismo” assumindo um papel colaborativo e de apoio, deixando que a sociedade (sobretudo os jovens) promova os elementos fundamentais para o desenvolvimento do território, envolvendo-se em todas as etapas do mesmo. No meu concelho, Pombal, existem vários exemplos disto mesmo e são talvez estas formas de maior ligação que se vão gerando nos últimos anos, a acrescentar aos restantes elementos já existentes.