Contra a ferradura, pela liberdade lutar

A (re)eleição do Professor Marcelo Rebelo de Sousa confirma, acima de tudo, a salvaguarda de um país democrata, social, progressista, respeitador do estado de direito e das suas instituições. Constata-se, além disso, que a maioria dos portugueses revê-se no centro, em posições moderadas e que a alternativa ao atual governo passará pela conquista de grande parte desse eleitorado.

Mas nem tudo são boas noticiais neste país à beira-mar plantado.

A aproximação dos partidos do centro aos extremos políticos, iniciada pelo Governo de António Costa em 2015 aquando da aliança aos partidos de extrema-esquerda, legitimou o voto útil nos partidos extremistas, antissistema e radicais. A teoria da ferradura, defendida inicialmente pelo escritor francês Jean-Pierre Faye, demonstra as parecenças totalitárias e autoritárias entre os partidos de extrema-esquerda e extrema-direita. A ascensão ao poder destes partidos tende a transformar os países em democracias iliberais ou mesmo em estados ditatoriais, manipulando a opinião pública, enfraquecendo as instituições e a separação de poderes e, diminuindo as liberdades individuais e coletivas, através da suposta superioridade intelectual, moral e ética dos seus líderes. Estes partidos tendem a criar inimigos e “fake news” para chegar ao poder e legitimar as suas políticas. Acontece na Hungria com o regime nacionalista de Viktor Orbán e o suposto problema da imigração, acontece na Polónia com o Partido Lei e Justiça, e a suposta teoria internacional antipolaca. Na Venuzuela, os inimigos preferidos de Nicolás Maduro são os capitalistas selvagens americanos. Já na Bielorrussa, o problema de Aleksandr Lukashenko, há 26 anos no poder, são os neoliberais ao serviço das nações estrangeiras. André Ventura e o partido Chega tenta trilhar o mesmo caminho, através dos “Portugueses de Bem”, dos “imigrantes de Iphone” e da suposta insegurança e criminalidade (em 2020, Portugal foi considerado o 3º país mais seguro do Mundo!). No Bloco-esquerda e no PCP, a retórica é antiga e repetitiva, do malvado euro e o lucro dos bancos Alemães contra os trabalhadores portugueses.

As evidências parecem confirmar a teoria da ferradura dos partidos extremistas do espectro político e das políticas antidemocráticas assim que chegam ao poder, levando geralmente a um aumento da pobreza e da corrupção. Tudo para a sua perpetuação no poder. Tudo para salvar a nação contra um inimigo artificialmente criado. Cabe aos portugueses não cair no engodo e aos responsáveis políticos democratas e moderados demonstrar que a Democracia é o único regime que garante a liberdade, o desenvolvimento e o respeito pelos direitos humanos. Esqueçam a luta entre direita e esquerda, a verdadeira luta que teremos nos próximos anos será pela liberdade contra o totalitarismo.