Educação: Conflito entre Formar e Ensinar

Refletir acerca do que é a educação pode ser um desafio maior do que faz parecer, até porque não há uma resposta concreta e específica. Concetualizando, a educação pode caracterizar-se como sendo um processo de socialização dos indivíduos, no qual estes assimilam e adquirem conhecimentos, valores, tradições e comportamentos.

De facto, as aprendizagens valorizadas em determinada época e sociedade nem sempre são consensuais, dado que expressam um conjunto de forças e interesses de natureza diversa (de natureza social, económica, política, ideológica, cultural…), por vezes conflituantes. O facto anteriormente referido é claramente espelhado nas alterações do currículo escolar ao longo dos tempos. Será que se deve priorizar somente a formação de cidadãos que correspondam às necessidades da sociedade, ou, por outro lado, dar-se mais enfâse à promoção da formação psicossocial e humana dos indivíduos?

Efetivamente, a sociedade atual é caracterizada por mudanças profundas, globais e aceleradas, o que torna o processo de educar ainda mais complexo e exigente. Assim sendo, a ideia de que a educação se faz apenas na escola já há muito que prescreveu. A fusão entre contextos formais e não formais é essencial, visto que em ambos se podem promover diferentes competências e aprendizagens.

Atualmente, e perspetivando o futuro, cada vez mais se pode afirmar que educar não passa só por ensinar algo em concreto, como uma língua ou ciências exatas. O grande objetivo torna-se criar condições para que o indivíduo trace o seu próprio caminho e construa o conhecimento, utilizando sempre o seu espírito-crítico. Recorrer à transversalidade de conceitos e complementaridade das diferentes áreas é essencial para atingir o sucesso.

Contudo, retirar importância à aprendizagem de disciplinas fundamentais para a base de qualquer cidadão e descorar os conceitos e os valores da disciplina e do esforço, também poderá ser perigoso. Apesar da permissão para a flexibilização curricular no ensino, ditada pelo Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho, é importante não nos abstermos da necessidade de formar indivíduos que sejam capazes de satisfazer as necessidades científicas e humanas da sociedade.

É perentório valorizar mais do que nunca o papel dos professores, uma vez que são confrontados diariamente com a dicotomia entre divertir/flexibilizar e disciplinar/ensinar. Encontrar um ponto de equilíbrio no currículo escolar em componentes como o conhecimento, disciplina, valores, e ainda na construção do espírito-crítico e na formação psicossocial e humana, poderá ser, indubitavelmente, a chave para o sucesso.

Assim sendo, a máxima que se sobrepõe e que deve ser transmitida é que a educação e o conhecimento devem conduzir à construção de uma sociedade mais justa, mais coesa, mais democrática, mais sustentável, priorizando a necessidade de formar bons cidadãos. Reitera-se então, a extrema urgência na equidade de oportunidades de aprendizagem e no reforço da ação social escolar, visto que, e tal como sustenta o Partido Social Democrata, “ganhar o futuro exige preparar e qualificar os vindouros”.