Com o chumbo do Orçamento de Estado, a decisão está do lado do Presidente da República. Eu diria que estão em aberto dois cenários: a dissolução da Assembleia da República e consequente convocação de eleições legislativas antecipadas ou a apresentação de um novo orçamento por parte do governo. Ponderadas as duas hipóteses é, quanto a mim, evidente que a melhor alternativa é a convocação de eleições antecipadas.
A equação é fácil de se resolver, se por um lado o Sr. Primeiro-ministro reafirmou, taxativamente, que é com os partidos à (sua) esquerda que quer negociar; por outro foi notório o divórcio entre os partidos da já falecida “geringonça”.
Se o Primeiro-ministro tem citado Jorge Palma para apelar à união da esquerda, eu citaria agora o mesmo cantor mas noutra música: “Dizes vermelho, respondo azul | Se vou para norte, vais para sul”. A canção Escuridão, igualmente de Jorge Palma, espelha com maior rigor qual o estado da esquerda.
A apresentação de um novo orçamento seria uma completa perda de tempo. E nesta altura o tempo é vital para uma correta aplicação do PRR. Seria um “empurrar com a barriga” de algo que é inevitável. O Bloco já se percebeu, há muito, que sem acordo escrito não está disponível. O PCP, em minha opinião, tem caído nas sucessivas eleições e assim sendo prefere cair agora do que daqui a um ano ou dois, porque quando mais tarde cair, maior é a queda. As posições destes dois partidos são, como foi possível aferir no debate do OE, irredutíveis. Não há, portanto, qualquer margem para um entendimento.
Seja então dada a palavra aos portugueses e venham as eleições antecipadas.
Não tenho uma data concreta, mas realço que quanto mais tarde for mais o país perde e mais o Primeiro-ministro faz campanha.